O artístico não exclui o social


Quando falo de artístico em fotografia, algumas pessoas, logo associam isso à exclusão dos conteúdos socialmente relevantes. Nada pode ser mais equivocado do que este pensamento. A fotografia pode muito bem denunciar conteúdos sociais e ainda assim estar carregada de mensagens de índole artística.

Pobreza, violência, desigualdade são temas que importam a fotografia artística. Mas quem a faz, pensando apenas na mensagem imediata, não nos deixa ver que ela pode ir além de si mesma e inscrever-se em um tempo sem idade.

Compreendo que se queira fazer da fotografia uma arma de resistência e denuncia social. Isto é legitimo. Mas apenas mostrar, sem qualquer engenho, os desajustes sociais, não faz da foto um objeto relevante. Mesmo que se queria fazer isso com a melhor das intenções.

As fotografias de Joseph Koudelka da invasão de Praga e as cenas de guerra no Afeganistão de Anja Niedringhaus têm força. Exprimem ideias fortíssimas, a mais importante das quais é a de que a violência é sempre absurda e gratuita. Não vejo esta força que advém da linguagem estética nas fotografias de reportagem de hoje. A maioria delas são meros documentos literais, banais e infelizes em seus propósitos. Servem, quando muito, ao registro histórico.

As fotos de Anja Niedringraus que ilustram este post são poderosas e sobreviverão ao seu tempo, porque além de mostrar elas nos fazem ver os horrores da guerra. Elas são diferentes porque transmitem a mensagem de tal maneira que os espectadores a sinta em dimensão comovedora.


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