Martine Franck

Foto: Henri Cartier-Bresson - As pernas de Martine, 1967.
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Martine Franck. Eis um nome. Descobri hoje este nome. Não sei como ele me escapou durante tanto tempo. Explico. Martine Franck foi a companheira de Henri Cartir-Bresson. Ela viveu com ele até a morte dele em 2004. Ambos foram fotógrafos e exerceram com igual maestria a nobre arte de plasmar instantes.  Ambos estiveram envolvidos em trabalhos que tinham como tema um ao outro. Mas coube a H.C-B. o lugar de eminência parda no mundo da fotografia. Ninguém que leve a sério o estudo da arte pode mesmo ignorar as suas estimadas contribuições.

Há anos estou envolvido no estudo e na apreciação da fotografia. Por esse tempo, Bresson esteve sempre presente nos textos, blogs e livros que ando lendo sobre o tema. Porém, o nome de sua companheira, nunca, antes de hoje, havia atravessado o meu caminho. Parecia que ela não existia. Foi em mais uma incursão por nomes de relevância no cenário fotográfico, que encontrei casualmente o nome de Martine Franck e pude assim finalmente encontrar a fonte do talento de Bresson. 

De cara sentir como se tivesse dado o primeiro passo para compreensão daquilo que julgava saber, mas estava enganado. Não sei nada sobre fotografia. Menos ainda sobre os grandes nomes dessa nobre arte. Apresso-me pois, para saber mais sobre Martine e assim parar de fazer figura de parvo por julgar com lupa tão míope um universo tão grande e variado.

Descubro que ela foi versátil em seus temas. Começou por cultivou o abstracionismo e o surrealismo. Dedicou-se, mais tarde, àquilo que se chama fotografia de rua ou fotojornalismo. Neste gênero demonstrou uma visão enternecida da realidade. Ainda mais caprichosos são seus registros no gênero retratista. Aqui ela transpôs as lições do retratismo ambiental de Arnold Newman e estabeleceu indubitáveis relações entre a pessoa retratada e o ambiente que mais a caracterizava. Veja a propósito o seu retrato de Foucault ou o registro do fotógrafo Paul Strand.


Foto Martine Franck - Michel Foucalt, 1978, Paris.
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Foto: Martine Franck - Paul Strand

Sobre esta série de retratos merece também destaque, os seus flagrantes do marido em ambientes bucólicos e idílicos, parte de uma nova fase do fotógrafo que deixou a máquina para se dedicar no fim da vida a pintura.

Ainda tenho muito caminho para percorrer. Devo essa lição a descoberta de Martine Franck, que me destituiu as certezas sobre o que conhecia e instaurou em mim o desejo de continuar perscrutando os mestres e suas divinas criações.  

Foto: Martine Franck - H.C.Bresson.
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Foto: Martine Franck - H.C.Bresson.


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