Embotar os sonhos

Foto: Ferdinando Scianna – Capri, 1984.

Penso, que ainda vive em mim, uma vontade ridícula de ganhar o mundo com uma mochila nas costas. Quem me conhece, também pensaria o mesmo que eu, se soubesse o que vive em mim de sonhos. Ridículos sonhos. Querer bater o pó da estrada, tendo como veículo, os próprios pés, e como bússola, na ausência de um melhor guia, o pau da venta, são coisas que não me cabem mais. Tivesse hoje os meus velhos dezessete anos. Andasse só no mundo, e talvez essa ideia não fosse, assim como parece hoje: ridícula. Mas já se passaram os anos. Os dezessete, tenho-os hoje em dobro. Assim como também não ando mais só. A vida vai embotando os nossos melhores sonhos e se encarregando de tornar, o que parecia outrora lindo, um tormento sem fim, por se saber impossível.

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