...E ASSIM SE PASSARAM DOIS ANOS


Sobre a vida sergipana; vantagens e desvantagens


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O texto a seguir foi escrito por Teo

Amigos, há dois anos, precisamente no dia 7 de junho de 2008, um sábado (me lembro como hoje) me jogaram na R. Riachuelo (esq. com Itabaiana), bairro São José, classe média - e “seja o que Deus quiser”. Estava recém-formado e como é de vosso conhecimento, eu não tinha rigorosamente nada a perder. Supunha, com muita razão, que a estupidez e a boçalidade dos sergipanos seriam um pouquinho mais toleráveis do que a mesquinhez de Caetité. Saí, por conta própria, da zona de conforto em que me encontrava, para penar nessa oca global (me perdoem a expressão) que se chama Aracaju.

Muito bem: aqui estou. Pesando os prós e os contras, creio que tenha valido muito a pena ter feito essa grande aventura que, aliás, eu recomendo. Sou um mochileiro, gosto de me arriscar. Quem não largar tudo pra sair de casa, por medo, para mim é um fraco. Muita gente fala maravilhosamente bem de Caetité, mas se lhe fosse dada a oportunidade de sair de lá, não ficaria viva alma para contar a história. Não gosto de Caetité. Não vou mentir para vocês. Gosto das pessoas que lá residem, minha família, meus amigos, mas não gosto da cidade. Subir os degraus da República Coliseu e pegar fila com Rogério no supermercado era das coisas mais agradáveis que se podia fazer na cidade.

Na véspera de minha viagem, lembro-me de que Rogério me presenteou com Vestido de Noiva, a obra-prima rodriguiana e falamos um pouco desse místico Severino do Aracaju, do Auto da Compadecida. (Marco Nanini, na versão para o cinema). À noite, com as malas prontas, saí para comer pastel com Juliana e Eliana, minhas colegas. Rastros de poeira ficaram para traz.

Aqui, tive acesso a muitas coisas das quais necessito para sobreviver: dinheiro (óbvio), porque ninguém é obrigado a sofrer, livros, peças etc. Em Caetité, com toda a ruindade, descobri muita coisa interessante, acervos valiosíssimos. Em Sergipe também vim a descobrir novos autores, novas peças, assisti a muitos espetáculos (minha paixão), a maioria de bom nível. Li, por falar nisso, no domingo último, Um Bonde Chamado Desejo e encantei-me com a personalidade dúbia da personagem Blanche Dubois, irmã de Stella. Um texto fascinante de Tennessee, americano. (Uma Rua Chamada Pecado foi o título do filme baseado nesta peça, se não me engano. Rogério poderia confirmar), com Marlon Brando como Stanley. E assim vamos tocando a vida.

Diz Fiódor Dostoiévski que “o imbecil do homem se habitua a tudo”. Exatamente, amigos. Exatamente! Estou já acostumado à estupidez de Sergipe há muito tempo, tanto que nada aqui mais me impressiona. Educação, aqui, é artigo de luxo. Podem acreditar!

Todavia, o conhecimento, a cultura, as bibliotecas que o estado pode me proporcionar devem me levar a algum lugar, espero. Só não sei exatamente aonde. A São Paulo? A Madri?

Dois anos de ausência, voltando à terra natal em duas ocasiões, apenas. Nem sei se é motivo para comemoração.

Até breve!

3 comentários:

Regina disse...

Caro Téo compartilho contigo de algumas críticas à cidade de Caetité. Às vezes, ela me sufoca, e me remete ao desejo de também habitar terras distantes. Quiça!!!
Bom, à parte as desventuras, quero parabenizá-lo pelo texto, sempre muito sagaz em sua escrita, e eu gosto disso. Saudades. Abraços

Prof. Lúcia disse...

Também gostei do texto, sempre crítico para Caetité, mas as pessoas de sua terra não são imbecis, como ele pensa. Muitas não saem porque nao querem, mesmo, gostam da cidade. é claro q ele tem saudade de sua terra.
Gostei também da sinceridade mas os defeitos que ele aponta para Caetité sao o de qualuerr cidade de interior, independente de ser aqui ou outro lugar.naõ trocaria Caetité por nenhuma capital, porque sinto-me realizada aqui.
Parabéns pelo blog

Navegantes ao Mar disse...

OBS.: Nunca afirmei que os caetiteenses são imbecis, nem o texto dá margem à essa interpretação.
Abraços, e continue contribuindo.

Téo (autor)