A MAIOR DAS VAIDADES

Os Amantes - René Magritte
Existem mil maneiras de se demonstrar afeto por alguém. Nenhuma delas é tão dispensável como o ciúme. Seria bem melhor que ele não existisse. Yago não teria veneno para destilar. Mas para maioria das pessoas, e para as mulheres em particular, não bastasse o fatídico desfecho de Desdémona, o amor só é realmente validado, endossado, e devidamente sacramentado quando um dos parceiros inchar-se voluntariamente contra o outro, porque esse olhou mais o que o normal para aquele, querendo se fazer notar mais do que qualquer pessoa. É provável que tal fato fique a dever-se mais ao egoísmo pessoal, do que a qualquer sentimento de zelo. Nada pode ser mais vaidoso do que o ciúme. O ciúme infertiliza promissores relacionamentos. O ciúme nos priva da razão. O ciúme cega. Infantiliza a relação. O ciúme esteriliza os abraços. Perturba e inquieta. Por tudo isso é que ele se constitui desnecessário.

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